Devido aos questionamentos que temos recebido sobre as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFSC, tornamos pública nossa posição de não apoiar, individual ou coletivamente, nenhuma das chapas inscritas.
Analisando o programa e os princípios das duas chapas concorrentes, mais uma vez, percebemos não haver grandes diferenças entre as duas. Mais do que o programa, é a disputa da entidade e do grupo que estará à sua frente que se coloca no centro das eleições. Não negamos a importância do DCE e de sua organização como elemento potencializador da luta dos estudantes. No entanto, acreditamos na necessidade de ir além da batalha eleitoral, momento em que todos os anos as discussões, produção de material, passagens em sala e a participação se concentram, para em seguida, após o pleito, boa parte desta efervescência política se perder até as próximas eleições…
Se estamos todos de acordo que a gestão do DCE deva ser aberta, organizada de baixo para cima, de forma horizontal, participativa e democrática, com independência, autonomia e transparência, por que não trabalhamos juntos em torno destes princípios ao invés de gastarmos tanta força no processo eleitoral? Não estamos aqui para simplesmente dizer não e criticar as eleições, mas para refletir sobre a construção de uma outra forma de atuação.
O destaque dado por todas as chapas aos princípios de horizontalidade, autonomia e independência, embora vinculado a estruturas de representação, demonstra a força e aceitação destes princípios – elementos centrais da tradição política anarquista e libertária – no movimento estudantil. Por isso, gostaríamos de levar adiante debates sobre uma nova concepção de movimento.
Em breve lançaremos um chamado às/aos estudantes que possuem afinidade com estes princípios e metodologia de militância social a construir conosco, de forma aberta, este processo, visando fortalecer o campo independente, combativo e autônomo do movimento estudantil universitário e secundarista.
Coletivo Anarquista Bandeira Negra
Abril de 2012.
Alexandre Locke Suchodolski
18/04/2012
Se o discurso de ambas as chapas for coerente com as intenções, há uma preocupação maior com a politização e horizontalidade na participação dos alunos, do que com a chapa vencedora. As falas colocam esse valor acima e parcialmente oposto ao sistema representativo (tido como causa e fruto do descaso e alienação político-estudantil). Logo, não importaria mesmo qual grupo de pessoas ganharão o maior número de votos, já que todos estarão lá na ágora com o mesmo poder de participação.
Arland Costa
22/04/2012
Tenho impressão que o Bandeira Negra se colocou numa posição muito confortável de observador em cima do muro neste processo. O papel aceita qualquer coisa, qualquer princípio e qualquer proposta sem que isso se reflita em uma mudança prática.
Podemos todos defender autonomia e horizontalidade na entidade, e construí-los de maneira diferente ou, ainda, apenas colocá-los no programa para aproximar militantes e ganhar votos.
A análise de vocês fica frágil porque é baseada apenas em leituras de programas e princípios, sem nenhuma análise da militância prática e concreta de cada um dos grupos. Quero dizer: tivemos um semestre com greve dos Servidores, um ato de 800 estudantes, uma assembleia de 1000 estudantes, ocupação de Reitoria, a vitória eleitoral da Roselane. O posicionamento de vocês em relação às eleições do DCE – em que milhares destes pontos que vocês acompanharam na prática são debatidos com muita discordância – é baseada unicamente na leitura de princípios e propostas das cartas-programa??
Abraços!
Everson Vargas
26/04/2012
Acho que o colega Arland não leu este parágrafo do texto acima:
“Se estamos todos de acordo que a gestão do DCE deva ser aberta, organizada de baixo para cima, de forma horizontal, participativa e democrática, com independência, autonomia e transparência, por que não trabalhamos juntos em torno destes princípios ao invés de gastarmos tanta força no processo eleitoral? Não estamos aqui para simplesmente dizer não e criticar as eleições, mas para refletir sobre a construção de uma outra forma de atuação.”
Não é o fator da participação da militância que irá decidir na escolha de uma chapa de DCE. Todos devem fazer militância para escolher? Isto é democracia?
O que o cabn colocou é que não está de acordo com as proposta e vai além, dá sugestão para uma verdadeira forma de organização politica estrutural que é uma gestão horizontal, ou como foi bem colocado: de cima para baixo.
A participação coletiva é muito mais vantajosa do que a restrita. As últimas gestões de DCE foram restritas, não deram suporte aos estudantes e os mesmos não foram ouvidos.
É preciso mudança, não no sentindo mudar determinado grupo, mas na postura dos movimentos estudantis.
Abraço!