Nota de solidariedade à Ocupação Amarildo de Souza em Florianópolis

Posted on 18/12/2013 by

0


O COLETIVO ANARQUISTA BANDEIRA NEGRA saúda à recente Ocupação Amarildo de Souza, que surgiu nesta segunda-feira (dia 16/12) no Norte da Ilha, em Florianópolis. Cerca de 60 famílias ocuparam uma grande área na Vargem Pequena durante a manhã. O terreno não cumpre sua função social e está sem uso há mais de 10 anos. As famílias que faziam parte de uma lista de espera proveniente de outras ocupações conseguiram, através da organização e da luta, garantir seu pedaço de terra, para construir suas casas e plantar suas hortas. Agregando solidariedade às novas famílias, moradores e moradoras de outras ocupações somaram apoio mútuo nos primeiros dias de trabalho, demonstrando que pela resistência e pela união o sonho da moradia digna está ainda de pé no povo organizado na Grande Florianópolis. A Frente Autônoma de Luta por Moradia, Brigadas Populares e Brigada Marighella fortalecem a Rede de Apoio na frente de moradia da região.

O problema da habitação popular na Grande Florianópolis está entrando no alerta máximo. O número de ocupações na Ilha e no Continente supera na prática as políticas habitacionais que desfavorecem e atrasam o planejamento urbano. Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça possuem políticas elitistas e segregacionistas. Não há espaço para comunidades pobres. A Ocupação Contestado, em São José, fez um ano de espera de uma resposta à promessa dos prefeitos; a Ocupação Palmares, na Serrinha, tem portas fechadas pela Floram e prefeitura, além de outras áreas ocupadas que em breve sofrerão despejos. Enquanto isso, a população de baixa renda cresce rapidamente, acumulando miséria e mais precariedade. As elites do turismo e da especulação imobiliária geram incessantemente imagens na mídia sobre os índices de qualidade de vida, sendo que o verdadeiro modelo de urbanização e planejamento está fora dos padrões de habitação, saneamento e mobilidade. As terras improdutivas estão com os seus dias contados. Às burguesias vêm se avizinhar uma massa de migrantes de outras cidades, na busca por melhores condições de vida, de sem-teto, moradores de rua, trabalhadores e trabalhadoras informais. Mediante isso, recentemente realizaram um protesto reacionário contra esses marginalizados.

Acreditar que o déficit habitacional se soluciona com diálogos em gabinetes, assistencialismos, promessas de campanhas, reformismos aparelhados é cair na utopia e na cortina de fumaça. Os problemas graves de habitação em Santa Catarina e no Brasil exigem respostas imediatas de ação direta, fortalecimento dos movimentos sociais em luta, atos públicos, no enfrentamento de toda sorte de especuladores, reformistas e corruptos. Basta de fabricação de falsas ilusões para o povo pobre e oprimido! Os espaços rurais e urbanos são do povo e não das elites que detém o controle de posse e de planos diretores. Florianópolis é a cidade que possui o maior déficit habitacional e ao mesmo tempo a que mais dificulta a moradia popular pelos seus planos.

O número de ocupações urbanas irá crescer se a Grande Florianópolis não puder mais suportar o afastamento dos pobres nas periferias. Novas moradias também são paliativos se não se altera a realidade de vida econômica da população, que vive oprimida e sem perspectiva.

Somente pela ação direta se forja um povo forte! Vida longa à Ocupação Amarildo de Souza!

Lutar, Criar, Poder Popular!

Coletivo Anarquista Bandeira Negra

Florianópolis, 18 de dezembro de 2013

Posted in: Lutas, Notas