FAU | Venezuela e outra tentativa de invasão do Império. Brasil: milicos na rua

Posted on 19/04/2018 by

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A situação de desabastecimento torna-se cada vez mais complexa na Venezuela. Os grandes conglomerados da alimentação (como a Polar), juntamente a diversas entidades financiadas pelos organismos colaterais da CIA (como está bem documentado em vários estudos e artigos) provocam a escassez de produtos básicos com o objetivo de “desestabilizar” a situação social e gerar as condições para colocar um governo afinado com os interesses dos EUA e da direita fascista venezuelana.

Após as últimas eleições, a própria direita nucleada no MUD (Mesa da Unidade Democrática, coalizão de partidos políticos da Venezuela que fazem oposição à Revolução Bolivariana do PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela) foi se dividindo, e parte dela aceitou o resultado eleitoral. A parte mais obstinada do MUD mantém o plano de desestabilização projetado pela CIA, muito similar ao empregado para dar o golpe de Estado no Chile em 1973.

Nas últimas semanas, Rex Tillerson, o agora ex-secretário do Departamento de Estado dos EUA e empresário petroleiro ligado a Exxon, amigo de Vladimir Putin, esteve em excursão por vários países da América do Sul, incluindo Argentina, Peru e Colômbia, com o propósito de ajustar o cerco à Venezuela. Conseguiu o compromisso dos governos desses países, especialmente do Peru, de impedir a participação da Venezuela na VIII Cúpula das Américas, em 13 e 14 de abril. O Peru (país anfitrião) não convidou o governo venezuelano e isso gerou tensões em toda a região andina. Vários países da área exigem que as eleições na Venezuela sejam adiadas, mas nenhuma foi tão ativa em rejeitar o golpe de Temer, por exemplo. A  esse grupo de países se soma agora o Uruguai, fazendo as tarefas do império, colocando-se totalmente sob sua asa. É o fim da política “mais independente” em relação aos EUA que havia sido sugerida no período anterior. Vázquez e Nin Novoa têm linha direta com Washington e Almagro.

Por outro lado, manobras e tentativas de implantar forças paramilitares em território venezuelano foram denunciadas. Parece que o plano é invadir a Venezuela com as dramáticas consequências sociais que isso teria. Os EUA estão voltando a ter  o controle de seu “quintal” e não toleram qualquer governo que não siga sua partitura. Até mesmo o governo sandinista da Nicarágua suspendeu as exportações para a Venezuela devido às pressões dos EUA.

Voltamos a ver novamente os “golpes suaves” ou “parlamentares” do Paraguai e do Brasil, uma tentativa de aumentar a presença militar na região, a fim de manter controladas as áreas de interesse direto dos EUA, como a Venezuela, uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Sobretudo, após o fracasso retumbante das aventuras imperiais no Oriente Médio.

São tempos mais complexos para os povos do continente. O império pisa e ajusta os passos, não quer perder terreno e quer um controle efetivo e forte das populações e territórios. Tem seus aliados e eles jogam pesado também. No Brasil, a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro é um laboratório do que virá para todo o país, com uma forte militarização da vida social, onde a única coisa que o Estado se propõe a fornecer aos pobres é a repressão. O assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL e que investigava a intervenção federal no Rio, assim como tinha denunciado várias vezes a repressão e a ação policial nas favelas, é uma prova clara do estado de militarização que está sendo imposto no Brasil, para arrasar os direitos dos que estão abaixo e impor um modelo neoliberal puro e duro.

São tempos onde avança tudo o que é reacionário. Mas nestes tempos também avança a luta popular e propostas de uma sociedade diferente como aquela que proclama o anarquismo e se propagam na militância cotidiana. Nossos companheiros da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) vêm desenvolvendo uma importante militância e, portanto, o Estado também tem como alvo o anarquismo como um “fator preocupante” para seus interesses e os do capital.

Outra etapa se abre na América Latina. No Uruguai, tudo acontece um pouco mais devagar, mas esses ventos estão chegando. São tempos complexos; tempos em que devemos enfrentar a direita na rua, nos locais de trabalho e estudo, no campo, em todos os lugares onde está em jogo a construção de uma sociedade diferente. Vão tensionando a corda… Devemos também tensionar a organização popular em todos os níveis, porque estes tempos exigem aumentar os níveis de luta e organização.

PELA CONSTRUÇÃO DE UM POVO FORTE!

AVANTE OS QUE LUTAM!

Comunicado da Federação Anarquista Uruguaia, traduzido ao português pela Coordenação Anarquista Brasileira

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